Angola: um país cheio de contrastes, com dunas gigantes do deserto, rios deslumbrantes, montanhas enevoadas e selvas impenetráveis, com uma enorme diversidade de tribos tradicionais pouco conhecidas pelo mundo exterior.
É para lá que nos dirigimos neste artigo, de modo saber mais acerca das mulheres Muwila, a sua utilização de plantas e como a Scents from Nature está a aprender mais sobre a flora imaculada que existe no Sul de Angola.
As mulheres Muwila, da tribo Muwila (existente apenas no Sul de Angola) têm um profundo conhecimento das espécies vegetais locais e dos seus usos tradicionais, o que se trata de um testemunho do seu conhecimento e experiência na agricultura, medicina e outros aspetos da cultura.
Estas mulheres dependem dos recursos vegetais para a sua sobrevivência, incluindo alimentos, medicamentos e matérias-primas para artesanato e construção. O envolvimento das mulheres na agricultura e na medicina à base de plantas também contribui para a autonomia económica e reforça o seu estatuto social na comunidade.
Uma planta importante para as mulheres Muwila é a árvore de Marula, altamente valorizada pelo seu fruto e óleo.
As mulheres recolhem o fruto da Marula na natureza e utilizam-no para produzir uma variedade de produtos, incluindo o óleo de Marula, utilizado para cozinhar, como hidratante para a pele e amaciador de cabelo. O óleo de Marula é também um bem valioso e as mulheres podem vendê-lo nos mercados locais para obterem rendimentos adicionais.
Para além da árvore Marula, algumas das plantas utilizadas pela tribo Muwila incluem a Moringa oleífera, usada para tratar a malnutrição, doenças da pele e problemas respiratórios.
Adicionalmente, uma outra árvore angolana importante é a Ximenia americana, utilizada como óleo vegetal para os mais diversos fins na comunidade Muwila, incluindo culinária, medicina e cosmética.
O óleo é conhecido pelo seu elevado valor nutricional e é rico em vitaminas, antioxidantes e ácidos gordos essenciais. A tribo Muwila também utiliza este óleo para a produção de sabão, cremes para o corpo e outros cosméticos.
Para além dos óleos vegetais, a tribo Muwila utiliza ainda as folhas da planta Lippia javanica (Verbena Selvagem) e Myronthamnus flabelliofolia (Arbusto de Ressurreição) para produzir incenso.
A Verbena Selvagem é vulgarmente conhecida como chá para a febre e as suas folhas são esmagadas e queimadas para produzir um fumo perfumado.
No que diz respeito ao Arbusto de Ressurreição, as folhas são utilizadas principalmente durante cerimónias e rituais tradicionais. O aroma do Arbusto de Ressurreição é terroso e ligeiramente doce, sendo altamente valorizado pela tribo Muwila pela sua fragrância única. O arbusto é também utilizado pelas suas propriedades medicinais, pois acredita-se que tem propriedades curativas para várias doenças, incluindo febre, malária e problemas de pele.
De um modo geral, a utilização de plantas aromáticas pela tribo Muwila, para incenso e perfumes, e de óleos vegetais, para nutrição e doenças de pele, evidencia a sua profunda ligação à natureza e o seu conhecimento dos recursos naturais.
Os aromas e funcionalidades únicas destas plantas foram transmitidos através de gerações e são uma parte essencial do património cultural da tribo Muwila.
Estes são apenas alguns exemplos das várias plantas utilizadas pela tribo Muwila para fins medicinais. É importante destacar que a utilização de plantas medicinais tradicionais é uma prática complexa e cheia de nuances e que diferentes tribos e culturas podem utilizar as mesmas plantas de formas diferentes.
Na Scents from Nature, a nossa equipa de especialistas em agronomia está empenhada em utilizar este conhecimento etnobotânico para melhorar a nossa compreensão acerca de produtos ancestrais nativos, incorporados num potencial narrativo.
Acreditamos que o conhecimento tradicional pode oferecer informações valiosas sobre o cultivo e a conservação de espécies vegetais.
A nossa equipa tem trabalhado em estreita colaboração com as comunidades locais para identificar e documentar as práticas tradicionais relacionadas com o cultivo e a colheita de espécies vegetais nativas.
Ao combinar estes conhecimentos com técnicas agronómicas modernas (localização por satélite e controlo da rega), esperamos desenvolver métodos de plantação sustentáveis que possam ajudar a preservar estas espécies vegetais para as gerações futuras.
Para além disso, a nossa equipa está a explorar metodologias de conservação ex-situ para garantir a viabilidade a longo prazo destas espécies de plantas.
Através da nossa investigação, esperamos começar a produzir espécies selvagens e a não depender totalmente da colheita, enquanto reintroduzimos estas plantas de volta à natureza, através da utilização das nossas estufas, com o objetivo de conservar a flora imaculada e o seu conhecimento local associado.
Em conclusão, o conhecimento e a experiência das mulheres de Muwila na agricultura, medicina e outros aspetos da sua cultura são um testemunho da sua competência e resiliência.
Ao utilizarem os recursos vegetais, as mulheres de Muwila promovem práticas sustentáveis através do uso da terra e contribuem para a resiliência e bem-estar da comunidade. Nós, enquanto empresa, consideramos que os seus conhecimentos tradicionais sobre espécies vegetais, as suas utilizações e as suas práticas agrícolas sustentáveis são um recurso inestimável que deve ser reconhecido e respeitado como um aspeto essencial do seu património cultural.